Cursos de bacharelado são voltados para interpretação teatral e atuação.
As opções de licenciatura formam profissionais para dar aulas no ensino básico.
Quem pensa que para ser atriz ou ator basta decorar um texto e entrar em cena está bastante enganado. Para chegar nesta fase de exposição é preciso enfrentar uma longa caminhada, que inclui cursos de interpretação, preparação do corpo e da voz, e mais que isso: exige muita prática, dedicação e horas de estudo.
Além dos cursos livres oferecidos por escolas tradicionais, há cursos superiores de artes cênicas e teatro que fornecem a formação básica para o profissional. E este é o tema do Guia de Carreiras do G1 desta terça-feira (15).
Na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por exemplo, o curso de teatro na modalidade bacharelado é voltado para a interpretação teatral, onde o aluno vai se aprofundar em uma linha de atuação. O currículo do curso abrange matérias que abordam o estudo do corpo, da voz, teoria teatral, prática de ensino de teatro, montagem de espetáculos e várias disciplinas no eixo de interpretação para desenvolvimento de prática de pesquisas em artes cênicas.
Esse, aliás, é um dos diferenciais do curso, segundo a professora Mônica Medeiros Ribeiro, coordenadora da graduação na UFMG. "A universidade é um local de pesquisa e aprofundamento. Existem muitos cursos técnicos para formação de atores, mas é na universidade que o ator vai encontrar espaço para refletir, para se tornar um ator e pesquisador", disse.
Na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), há quatro habilitações diferentes para o bacharelado: teoria do teatro, interpretação, cenografia e direção teatral. Segundo o professor José da Costa, diretor da escola de teatro da UniRio, a graduação tem duas características.
"Somos uma escola com atividade prática intensa mas também temos a parte teórica e crítica bastante forte", disse. Costa reforçou que o eixo teórico do curso da UniRio também é bastante amadurecido. "Temos todas as condições de formar pesquisadores". (clique aqui para continuar lendo esta matéria).
Licenciatura
Há também a possibilidade do aluno se graduar em artes cênicas/teatro na modalidade licenciatura, em que o ensino é direcionado para a formação de professores para dar aulas de teatro nos ensinos fundamental e médio. Nesse caso, na UFMG, as disciplinas do curso incluem aulas específicas para o professor, como prática de ensino do teatro, didática do ensino e uma carga horária de 400 horas de estágio em escolas (cerca de quatro meses).
Na UniRio as disciplinas são semelhantes. "Temos menos matérias de expressão corporal e mais de encenação, por exemplo. Temos também dramaturgia, onde o futuro professor vai aprender a trabalhar um texto teatral para alunos do ensino médio", disse.
Segundo o professor Costa, da UniRio, o bacharelado tem mais alunos, mas ultimamente a procura pelo curso de licenciatura está aumentando. "Acho que os alunos buscam na licenciatura a segurança no mercado de trabalho. É nas escolas que os recém-formados conseguem emprego regular de uma forma mais clara", avalia.
Consumidor da arte
Segundo os professores consultados pelo G1, a profissão do artista é muito complicada, por isso o aluno precisa estar sempre atualizado para ser um bom profissional. "Quem quer ser ator ou atriz precisa participar da cultura do país, fazer cursos livres de teatro, freqüentar exposições, ir ao cinema, assistir televisão e ler muito para ter a mente aberta. Antes de ser artista ele precisa ser consumidor da arte", orienta a professora Mônica.
Segundo ela, o hábito de ir ao teatro - mesmo que seja em apresentações simples - é um diferencial para qualquer profissional. "Os vestibulandos precisam uma visão mais geral das artes em suas diversas modalidades. E para conseguir isso, é preciso viver a cultura do país", disse.
É sempre como a primeira vez
Segundo a atriz Lígia de Paula Souza, presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos e Diversões do Estado de São Paulo (Sated), a magia do teatro está na emoção de pisar nos palcos como se sempre fosse a primeira vez. "Cada espetáculo é como se fosse a primeira vez. O artista tem que avançar na emoção junto com o público. Cada espetáculo é uma nova emoção", disse.
Lígia disse também que a carreira tem muitas frustrações. "O artista está muito exposto e geralmente as críticas o deixa muito vulnerável, muito fragilizado. O nosso trabalho [do sindicato] é ajudar o profissional a lidar com a fama, mas também com o insucesso", disse.
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